Alguns lineares que passaram pela oficina

Estes são alguns dos lineares que passaram por minha oficina, para manutenção. Não são todos, são os que consegui recuperar as imagens.

Antes de começar, acredito que os radio operadores DEVEM ser alertados sobre a necessidade de utilização de um sistema de chaveamento entre o rádio e o linear, conhecidos como relay-box ou, na terrinha, como "relé bóquis".

Apesar da alegação de que a corrente de chaveamento é baixa, nos lineares mais antigos a tensão de chaveamento pode produzir uma elevada tensão no desligamento do relé (FCEM), certamente fatal para os delicados circuitos de chaveamento dos modernos transceptores. O relay-box atua como isolador entre linear e rádio.

Na figura 01 pode-se observar a centelha gerada no desligamento do relé de uma Heathkit SB220. Neste teste utilizou-se um conector curto-circuitado que ao ser removido, produziu a intensa fagulha.

 

Fig 01: centelha gerada pelo chaveamento do relé de um linear SB220 SE.

Fonte: O autor

 

 

 

WB2000

 

Uma excelente e muito bem montada WB2000, fabricada pelo Walter Bering (SK), com uma válvula 4CX1000. Chegou aqui por não estar funcionando.

Uma vista do interior do deck de RF, parte de sintonia final.

 

Fig 02: interior do linear WB2000.

Fonte: O autor

 

Ao abrir o linear, deparei com a válvula neste estado. Na fotografia aparece o misterioso “halo”, que não tem conexão alguma com qualquer coisa.

 

Fig 03: Válvula do linear WB2000.

Fonte: O autor.

 

O raro esquema do linear.

 

Fig. 04: esquema original do linear WB2000.

Fonte: O autor.

 

Pode-se observar que a fibra, originalmente utilizada para conduzir o ar pelo dissipador, apresentava sinais de superaquecimento da válvula. Um chaminé Eimac foi comprado, mas o site de vendas associado ao deficiente correio, demorou muito na entrega. A chapa de fibra foi substituída por uma de mica, mais adequada à alta temperatura.

 

Fig. 05. Chapa de fibra, carbonizada.

Fonte: O autor

 

Fig. 06. Chapa de fibra, carbonizada.

Fonte: O autor

 

Fig. 07. Chapa de fibra, carbonizada.

Fonte: O autor

 

O estado da válvula atesta o diagnóstico de problemas de refrigeração.

 

Fig. 08.Válvula 4cx1000.

Fonte: O autor

 

O sistema de refrigeração utilizado neste linear utiliza um ventilador muito semelhante aos utilizados em rádios como o FT101 e o FT901DM.

 

Fig. 09.Ventilador de refrigeração da válvula 4cx1000.

Fonte: O autor

 

Fig. 10.Ventilador de refrigeração da válvula 4cx1000.

Fonte: O autor

  

O ventilador devia ser substituído por um com maior vazão e por isso foi removido. As medidas da base da válvula foram tomadas para pesquisar as possibilidades. Na parte superior direita da foto aparece o transformador que foi substituído, fonte do problema original do equipamento.

 

Fig. 11.Vista inferior do soquete da válvula.

Fonte: O autor

 

A substituição do ventilador se tornou um problema. Não existe muito espaço para colocar um ventilador maior. A possibilidade de colocação de um ventilador tipo gaiola de esquilo, externo, foi rejeitada pelo dono do equipamento.

  Procurando no site da Ventisilva e comparando com os dados de datasheet, para refrigeração da válvula, um ventilador de pás, tipo cooler, foi selecionado.

 

Fig. 12.Ventilador antigo e o novo.

Fonte: O autor

 

Fig. 13. Ventilador novo na base da válvula.

Fonte: O autor

 

Fig. 14. Ventilador novo, fixado na base da válvula.

Fonte: O autor

 

 

Fig. 15. Ventilador novo, fixado na base da válvula.

Fonte: O autor.

 

 Outro problema detectado no linear estava relacionado a recirculação de ar, a saída aquecida era sugado para a entrada do ventilador, criando um loop.  Medidas de vedação do gabinete foram executadas.

 O ventilador recebeu cola no assento da base, evitando vazamento de ar.

 

Fig. 16. Fixação e vedação do ventilador na base da válvula.

Fonte: O autor.

 

A passagem de alta tensão de um compartimento para outro foi fechada com mica, evitando a circulação de ar quente para o compartimento de sintonia.

 

Fig. 17. Vedação da passagem de alta tensão.

Fonte: O autor.

 

 Outros problemas foram solucionados, como mau contato na fiação, probleminhas na fonte, troca do conector entre fonte e deck, além de uma limpeza profunda... 

Fig. 18. Fiação com problemas de oxidação.

Fonte: O autor.

 

  

PY3OM

 Meu grande amigo, PY3OM Olimpio, montou seu linear com 2 x 811. Os ajustes finais foram feitos na minha oficina. 

Fig. 19. Frente do linear do PY3OM.

Fonte: O autor. 

Fig. 20. Interior do linear do PY3OM.

Fonte: O autor 

Fig. 21. Interior do linear do PY3OM.

Fonte: O autor 

Fig. 22. Interior do linear do PY3OM.

Fonte: O autor 

Fig. 23. Interior do linear do PY3OM.

Fonte: O autor 

O linear proporciona mais de 300W, quando excitado por um Kenwood TS430.

  

SB220 SE

 

Este linear chegou a minha oficina com a alegação de produzir fumaça, sem saber de que lugar.

 

Fig. 24. Painel da SB220 SE .

Fonte: O autor.

 

 Uma rápida olhadela no interior mostrou muita oxidação.

 

Fig. 25. Interior da SB220 SE .

Fonte: O autor .

Fig. 26. Interior da SB220 SE .

Fonte: O autor. 

Fig. 27. Interior da SB220 SE .

Fonte: O autor.

 

Ligado na lâmpada série para garantir a segurança, rapidamente mostrou o defeito. 

Fig. 28. Centelhamento na alta tensão do transformador.

Fonte: O autor.

 

Removido o transformador, pode-se verificar que o fio de saída de alta tensão abriu arco contra a carcaça. A fiação é antiga mas como o dono vive no litoral, em uma cidade muito úmida, a probabilidade é de que água tenha se acumulado neste ponto, iniciando o caminho para a carbonização. 

Fig. 29. Ponto de centelhamento no fio de alta tensão do transformador .

Fonte: O autor.

 

O transformador reparado foi reinstalado e testado com tensão máxima, sem apresentar sinais de centelhamento. 

Fig. 30. Transformador de alta tensão reinstalado.

Fonte: O autor.

 

Todo gabinete passou por uma profunda limpeza e as peças de alumínio, muito oxidadas, foram limpas com abrasivo. 

Fig. 31. Deck de RF, filamentos energizados.

Fonte: O autor. 

Fig. 32. Deck de RF.

Fonte: O autor.

 

Uma SB220, pertencente a um grande amigo, passou por uma limpeza interna e revisão de suas conexões internas. 

Fig. 33. Limpeza interna de uma SB220 .

Fonte: O autor.

 

 

AL572B

 

O AL572B é um linear projetado para uma potência de saída acima dos 1200W, operando com 4 válvulas 572B. Ele veio para verificar o excesso de aquecimento, baixa durabilidade das válvulas, revisão e conserto da fonte, pois um capacitor eletrolítico por vezes produzia ruído de fuga de tensão.

 

 

 

Fig. 34 . Amplificador linear MFJ AL572B .

Fonte: O autor.

 

 

Fig. 35 . Deck de rf .

Fonte: O autor.

 

Fig. 36 . Placa de controle, alimentação e fonte de alta tensão.

 Fonte: O autor.

 

Fig. 37. Placa do tanque de entrada, para ajuste de ROE.

 Fonte: O autor.

 

 

Fig. 38 . Excelente.chave de onda da etapa final de potência.

Fonte: O autor.

 

O linear foi limpo e revisado. A conexão de tensão de alimentação estava para 215V. A tensão de rede na residência do cliente costuma andar na faixa de 230VCA, a conexão foi alterada para a tensão de 230V. Um dos capacitores da fonte estava com problemas e todos foram substituídos. Posteriormente o proprietário informou que o aquecimento havia diminuído, e a durabilidade das válvulas demanda mais tempo para ser verificada.

 

Fig. 39.  Banco de capacitores substituídos.

 Fonte: O autor.

 

 

Yaesu FL2100B com 2 x GI7B

 

Esta FL2100B foi modificada pelo famoso “Magaiver” do Mato Grosso do Sul, substituindo as duas válvulas 572B por duas válvulas russas GI7B. O sintoma era de queima de fusível e um misterioso “estouro” de alta tensão, esporádico. Ao verificar o fusível de alimentação, que deveria ser de 10ª, encontrei um de 30A, queimado. O linear foi ligado na lâmpada série e funcionou. O fusível foi substituído por um de 10ª e o linear foi ligado na rede, sem problemas. Ao chavear o relé para a posição de transmissão o fusível queimou, pois a corrente de placa disparou para a máxima suportada pelo transformador. Uma revisão mostrou que o linear estava conectado para trabalhar com tensão de entrada de 200VCA, além de ter queimado o transistor de polarização (bias).

Na modificação a proteção crow-bar e o circuito de sintonia de entrada foram removidos e o transformador de alimentação foi modificado para fornecer a tensão de filamento.

 

 

 

Fig. 40.  A FL2100 com as 2 válvulas GI7B.

 Fonte: O autor.

 

 

Fig. 41.  Deck de RF com as 2 válvulas GI7B.

 Fonte: O autor.

 

Fig. 42.  Deck inferior do linear.

 Fonte: O autor.

 

 

Ao remover os ventiladores originais para limpeza e lubrificação, os misteriosos “estouros” de alta, apareceram.

 

Fig. 43.  Uma das válvulas GI7B.

 Fonte: O autor.

 

A hélice de um dos ventiladores estava entrando em contato com a placa da válvula por vários motivos. O desgaste natural das buchas do ventilador favorece o deslocamento vertical, possibilitando o contato com a válvula e o ajuste de altura da hélice no eixo estava muito alto.

 

Fig. 44.  Hélice do ventilador.

 Fonte: O autor.

 

Como um par de válvulas GI7B, quando usado em grade à massa, apresenta impedância muito próxima a 50 ohms, o circuito de sintonia de entrada original, foi removido.

 

Fig. 45.  Catodo e filamento das válvulas GI7B.

 Fonte: O autor.

 

Fig. 46.  Transformador de alimentação, modificado na conexão de filamento..

 Fonte: O autor.

 

 

Fig. 47.  Modificação no tanque de saída, para operar em 80m, na conexão da bobina de 160m.

 Fonte: O autor.

 

O transistor de polarização e os diodos zener associados estavam em curto. Substituídos, a corrente de repouso ficou dentro do esperado.

Fig. 48.  Corrente de repouso próxima a 50mA.

 Fonte: O autor.

 

Fig. 49.  Chave de onda seletora do tanque final.

Fonte: O autor.

 

 

 

YAESU FL 2100Z

 

A Yaesu FL2100Z foi á última série do modelo fabricado pela yaesu. Este linear estava bastante original e veio para a oficina pois não funcionava em 80m e para uma revisão geral. O defeito se devia a um capacitor cerâmico fixo, para RF, utilizado no tanque final ter sido substituído por uma associação de capacitores de disco. Os capacitores haviam vaporizado e foram substituídos por capacitores indicados para a aplicação.

 

 

Fig. 50.  Deck de RF da FL2100Z, com as 2 válvulas 572B.

Fonte: O autor.

 

Os capacitores eletrolíticos originais já apresentavam sinais de desgaste e foram substituídos.

 

Fig. 51.  Banco de capacitores, substituído.

Fonte: O autor.

 

Um dos problemas reportados para este linear, na literatura disponível, é a deterioração dos lides de conexão dos indutores do tanque de entrada, pela cola de fixação. Os indutores foram removidos e a cola eliminada. Alguns dos indutores estavam com severos problemas de oxidação, tendo seus terminais profundamente atacadas. Todos os lides foram limpos e estanhados. Um sistema de soft-start por NTC foi acrescentado ao linear.

 

 

Fig. 52.  Deck inferior da FL2100Z.

Fonte: O autor.

 

 

Um fusível de alta tensão, também foi instalado na linha de alimentação que vai para o deck de RF.

 

Fig. 53.  Fusível de alta tensão.

Fonte: O autor.

 

 

AMPTEC LA2000

 

A Amptec é um linear chinês e seu projeto de RF é extremamente semelhante ao projeto da OM2000. Utiliza uma válvula chinesa FU 728F, muito parecida com a 4CX1500. A válvula é indicada para amplificadores lineares de RF com potência de 1600W, operando em SSB.

O interface de apresentação de parâmetros é distinto do OM, e muito interessante.

O amplificador apresentava baixo rendimento e corrente de repouso excessivamente baixa, resultando em distorção no áudio transmitido.

 

Fig. 54.  Painel indicador da AMPTEC.

Fonte: O autor.

 

A construção interna do amplificador é primorosa e demanda duas pessoas para seu transporte. É um amplificador grande.

 

Fig. 55.  Deck de RF da AMPTEC.

Fonte: O autor.

 

Durante a revisão um desalinhamento entre as chaves de seleção de banda, do tanque final. Pôde-se observar que o desalinhamento provocou faiscamento em uma das chaves. Diga-se de passagem que a chave é extremamente robusta em sua construção, com excelentes contatos.

 

 

Fig. 56.  Chave de onda do estágio final.

Fonte: O autor.

 

Fig. 56.  Painel indicador da AMPTEC.

Fonte: O autor.